quarta-feira, 15 de abril de 2015

Licenças maternidade e paternidade ampliadas: O que vocês acham?



Quando um bebezinho nasce a maioria das empresas concede para a funcionária uma licença-maternidade de 120 dias. Quatro meses em que ela tem que aprender a amamentar, trocar fraldas, ficar sem dormir (ser mãe, enfim) e, no meio disso tudo, fazer a rotina voltar ao "normal", encaixar o trabalho no meio da nova vida e entender que vai ser preciso se separar do bebê algumas horas do dia (como é que faz, hein?). Para os pais, desde 1988 a licença, que até então era de 1 dia, passou a ser de cinco. Um avanço, mas ainda pouco também, na minha opinião, para um pai que pretende ajudar sua esposa na chegada do novo membro da família. Por tudo isso, vibrei quando li que uma proposta de emenda à Constituição pretende estender de 120 para 180 dias licença-maternidade e de 5 para 30 dias a licença-paternidade.

Já pensou que beleza uma mãe poder ficar dois meses a mais com seu bebê antes de voltar a labuta? Até porque, cá entre nós, não faz o menor sentido o Ministério da Saúde incentivar o aleitamento materno exclusivo até seis meses se a mulher tem que trabalhar quando completam 4 meses que ela deu a luz! Enfrentei o drama da licença minúscula quando minhas duas filhas nasceram . No caso da Maitê foi revoltante. Voltei a apresentar (por livre e espontânea pressão) um jornal as 7 horas da manhã (o que significa que eu acordava as 3h30) no dia em que ela completou quarenta dias! Minha vida se resumia a tirar leite (para ela mamar quando eu saía) e amamentar quando não estava trabalhando. Foi cruel, estrelante! Mesmo assim ela mamou até quase um aninho. Se eu estivesse tranquila talvez ela tivesse demorado mais para largar o peito e eu tivesse curtido mais essa fase tão trabalhosa, mas tão gostosa ao mesmo tempo.
Com relação a licença-paternidade, minha experiência é justamente contrária. Meu marido conseguiu se afastar do trabalho no primeiro mês e conseguiu me dar toda assessoria e carinho necessários nesse momento. Era ele quem ficava com ela até eu achar alguém de confiança. Era ele quem revezava comigo nas madrugadas. Sem ele tudo teria sido mais difícil ainda do que foi.

Diante disso tudo, torço pra que nossos governantes se sensibilizem e aprovem essa proposta. Tenho certeza que os pais, mães e brasileirinhos também agradecem!

Por Patrícia Maldonado | Mãe de Salto Alto – seg, 13 de abr de 2015 16:21 BRT

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Como ajudar seu filho a manter uma alimentação equilibrada?



Por Andrea Ramal

De acordo com o IBGE, quase metade das crianças brasileiras (47,6%) entre 5 e 9 anos tem sobrepeso ou obesidade. Isso indica que o Brasil acompanha uma tendência mundial de aumento de peso das populações infantis.

Segundo a OMS, se a tendência se mantiver, o mundo terá 75 milhões de crianças acima do peso em 2025, o que sugere riscos para a saúde das populações atuais e futuras. Crianças obesas podem se tornar adultos com chance de desenvolver doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, câncer e outros. Como ajudar seu filho a manter uma alimentação balanceada?

Não falaremos aqui de temas que dizem respeito a especialistas de nutrição. Mas a formação de hábitos para uma alimentação saudável é diretamente ligada a aspectos educacionais que envolvem a família e a escola. Há coisas simples que podem ser incluídas no dia a dia e que podem ajudar a fazer a diferença.

Por exemplo, a mãe de uma criança me procurou com a seguinte questão: “Meu filho se recusa a comer verduras e legumes. Para que ele não fique desnutrido, acabo cedendo e liberando batata frita. Como mudar isso?”

Essa atitude é comparável àquela em que os pais, para evitar uma cena de birra, fazem todas as vontades da criança. Além de ser arriscado para a saúde, acaba formando adolescentes mimados e com dificuldade de lidar com a frustração.


VEJA DICAS PARA QUE SEU FILHO TENHA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
· Defina um cardápio balanceado com antecedência, para evitar improvisos.
· Reforce os bons hábitos: em vez de doces, frutas; em vez de refrigerantes e bebidas artificiais, sucos naturais.
· Fique atento ao que seu filho come na escola.
· Inclua alimentos saudáveis na lancheira, com a orientação de um nutricionista.
· Evite que seu filho coma vendo TV ou jogando videogame.
· Não use comidas como prêmio ou punição.
· Dê o exemplo, mantendo você também uma alimentação balanceada.


Não se deveriam trocar refeições por lanches, sobretudo pouco nutritivos. Vale a pena esperar a criança sentir um pouco mais de fome. Limites são importantes para a educação e isso inclui a hora das refeições. Essa postura exige dos pais muita constância e paciência, para não desistir na primeira dificuldade.

Lembre que os hábitos (como estudo, leitura, higiene, alimentação) se formam desde cedo. Assim, é necessário apresentar à criança a variedade de alimentos existentes sem ficar restrito apenas àqueles de que a criança gosta. Se ela recusar algum, vale esperar alguns dias e apresentá-lo de outras formas.

Outro exemplo: o pai de uma criança me perguntou: “Eu tento negociar: se você comer a salada, pode comer a sobremesa. Isso ajuda?”

Não sou muito favorável a esse tipo de negociação, pois passa a ideia de que a sobremesa é boa e, para chegar a ela, é preciso passar por algo ruim (a salada). Além disso, não se deve usar a comida como recompensa, pois a cada coisa boa que fizer, a criança pode querer comemorar com algo nem sempre saudável.

Pais que, por exemplo, levam seus filhos a um fast food como prêmio pelas boas notas na escola poderiam substituir essa recompensa por outras, como passeios, um programa cultural ou uma tarde de brincadeiras com amigos.

O papel da escola também é fundamental. Em primeiro lugar, ela precisa conscientizar sobre os benefícios da nutrição saudável, incluindo estes temas como conteúdos de sala de aula (Lei 11.947/09). Não deve oferecer na cantina alimentos pouco nutritivos ou nocivos à saúde. O cardápio da merenda deve ser elaborado por nutricionistas e compatível com a faixa etária da criança, respeitando a cultura e os hábitos alimentares de cada região.

A escola precisa, ainda, orientar os pais a esse respeito, para que aprendam a cuidar da rotina da alimentação dos filhos. Até porque a qualidade da alimentação interfere no rendimento escolar. Por exemplo, se a criança não tiver tomado um café da manhã adequado, pode ficar sonolenta, indisposta, desatenta, além de ter dificuldades para participar das atividades físicas.

Uma recente campanha de conscientização sobre a obesidade infantil tem um slogan perfeito: “Que tal trocar uma bola de sorvete por uma bola de futebol?” Evitar o sedentarismo é uma das chaves. Em vez de ficar contando calorias desde cedo, vale a pena trocar algumas horas de videogame por um esporte ou exercícios ao ar livre.

Por fim, um ponto importante: ao conversar com seu filho sobre tudo isso, fique atento com o modo como você se refere aos estereótipos de gordo / magro. Não passe a ideia de que ser gordo é feio, e nunca diga que é melhor emagrecer para evitar bullying na escola. Isso seria uma educação às avessas! Ensine seu filho a respeitar as pessoas do jeito que são, a ver a beleza em magros e gordos, a valorizar a diversidade, que é a grande riqueza da vida.

Reforce a ideia de adotar uma alimentação balanceada não em função de modas e preconceitos, mas sim pela qualidade de vida e pela saúde que pode representar. Dedique tempo a essa educação: hábitos alimentares adequados se refletem no desenvolvimento da criança e valem para toda a vida.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O que vale é participar

Se a criança chora sempre que não ganha um jogo, é preciso ensiná-la a perder e explicar que diversão vale mais do que ganhar
Por Redação Pais & Filhos 09.09.2014



O seu filho fica bravo quando não ganha um jogo ou tem um ataque quando a irmã pega o lugar dele no carro? É o tipo de criança que gosta de estar sempre em primeiro.

Embora a vitória dê à criança um sentimento de competência e orgulho, importantes para a autoestima, há benefícios que são proporcionados pela derrota. “Perder ajuda a desenvolver empatia e perseverança”, diz Carolyn Ievers-Landis, psicóloga clínica no UH Rainbow Babies & Children’s Hospital, em Cleveland. Mesmo quando seu filho parece desapontado no momento, confie na capacidade de ele superar a perda rapidamente. “Em vez de mimá-lo, deixe-o sentir a dor da derrota. Não há problema algum nisso”, explica Ievers-Landis.

Há alguns comportamentos comuns em relação à derrota. Veja a seguir como lidar com a saída tomada por seu filho.

“Eu sou horrível nisso”

Uma boa estratégia é elogiar a atuação do seu filho – qualquer seja ela! Sempre há algo para apontar e comemorar... Crianças até 5 anos não querem competir apenas pelo desafio. Elas gostam de ganhar pelo sentimento de realização e aprovação que a vitória traz, explica John Wechter, psicólogo clínico em Cambridge, Massachusetts. Um exemplo? Você pode dizer “Estou muito orgulhosa dos chutes fortes que você já está dando!”. Quando vocês estiverem assistindo a algum evento esportivo juntos, mostre que os jogadores apertam as mãos independentemente do resultado do jogo. Isso faz seu filho começar a entender o que é espírito esportivo e, depois, reproduzir esse comportamento.

Você pode ainda mostrar os jogos à criança apontando que ganhar não é tudo. “Na minha família, o vencedor fica com a função de guardar as peças e o tabuleiro”, diz O‘Brien. Isso faz com que os ganhadores tenham o que fazer além de comemorar, o que pode irritar os outros.

“Eu nunca mais vou brincar com esse jogo bobo de novo”

Explique que todo mundo perde de vez em quando. Muitos jogos desenvolvidos para crianças pequenas – que envolvem desenhos ou dados – são pura questão de sorte. Indicar isso ao seu filho pode ajudá-lo a ficar com menos raiva. Mas tudo sem subestimar a perda, o que pode ser feito com frases como “as coisas nem sempre acontecem como a gente quer” ou “há momentos em que eu me sinto desapontada também”. “Isso é diferente de dizer ‘isso não é nada’ ”, explica Maureen O‘Brien, Ph.D., autora de Watch Me Grow: I‘m One-Two-Three. Funciona também frisar que outras oportunidades virão. Isso dará a ele algo futuro com que se preocupar.

Se o jogo em questão envolver mais estratégia do que sorte, você pode ajudá-lo a melhorar. Isso pode ser feito com sugestões como “Hmm, o que será que teria acontecido se você tivesse mexido esta peça e não a outra?”Dessa forma, seu filho não se sentirá criticado. Além disso, ele terá mais facilidade para se lembrar da nova estratégia se chegar às suas próprias conclusões.

“Eu desisto!”

Se o seu filho perceber que talvez não seja o vitorioso, é possível que queira parar de jogar para evitar a frustração (ou a humilhação) da perda. O ponto aqui é ressaltar que é importante terminar os jogos. Você deve persistir e encorajá-lo a continuar até o fim. “Diga a ele que parar no meio do jogo é como quebrar uma promessa feita a um amigo – e que, se desistir, talvez o amigo fique chateado”, aconselha Ievers-Landis

Os campeonatos de futebol, nesse caso, também fornecem boas comparações: pergunte a seu filho como ele se sentiria se algum jogador desistisse antes do fim da partida.

“Esse jogo é para meninas”

Surpreendentemente, as pesquisas têm apontado que muitas reações de uma criança ao perder um jogo tem relação com o sexo do oponente. Em algumas fase da infância, muitas crianças identificam diversas atividades como sendo “para meninos” ou “para meninas”, e isso pode fazer com que elas percam interesse em um jogo se uma criança do sexo oposto sobressai nele. Como não tem nada a ver alimentar esse tipo de ideia, é melhor algo do tipo: “Sua irmã ganhou esse jogo porque foi melhor desta vez. Se você jogar algumas vezes, será tão bom quanto”.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Horário certo para dormir melhora saúde da criança

Por Redação Yahoo Brasil | Yahoo Mulher



É certo que toda criança precisa de disciplina, e isso inclui horários pré-definidos para o sono, alimentação, atividades escolares e lazer. Uma rotina estruturada é de extrema importância para a manutenção da saúde e para o desenvolvimento emocional dos pequenos.

Segundo a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi, o sono é função vital ao organismo e necessita de uma rotina, do mesmo modo que todas as outras atividades do dia a dia. “Se a criança não dorme bem em decorrência da indisciplina, isso pode trazer sérios problemas à saúde, devido à irregularidade do relógio biológico. Em curto prazo, por exemplo, tendem a ficar cansados, irritados, estressados, ter alterações repentinas de humor, desatenção e dificuldade de concentração”, esclarece.

A consultora esclarece que crianças até 3 anos precisam 11 horas à noite, em média. "À medida que forem crescendo, essa quantidade de tempo diminui, pois a melatonina, hormônio responsável pela regularização do sono, tem o seu pico máximo de produção no ser humano aos 3 anos de idade e, com o envelhecimento, a sua formação vai diminuindo”, explica.

Criar disciplina, com horários estipulados para ir para cama e acordar, faz com que o relógio biológico entenda e se adapte facilmente, o que é importante para o bom funcionamento do organismo. “Quando dormimos, há alterações psicológicas e hormonais que dependem da regularidade do sono, por isso, respeitar os horários é fundamental”, diz Renata.

Para a especialista, uma rotina de descanso traz uma melhora significativa para a saúde da criança. Isto porque, durante a noite, acontece a troca e regeneração celulares, além da liberação do Hormônio do Crescimento (GH), que ocorre, principalmente, nas fases mais profundas do sono. Nas crianças, a produção dessa substância é essencial, pois, além do crescimento, ajuda a controlar o colesterol e a manter a densidade dos ossos.

É importante que os pequenos compreendam que a noite é o momento para dormir. Os pais, por exemplo, podem colaborar fazendo uma programação e criando um ritual para os filhos. “Leve os pequeninos para escovar os dentes, conte uma história ou cante uma canção tranquila antes de eles dormirem. Faça com que a criança aprenda, aos poucos, a colocar em ordem suas atividades e, principalmente, entenda o porquê de estar fazendo isso”, recomenda a consultora.

IN: CARINHO DE MÃE

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A culpa da mãe

por Alysson Muotri



Estar grávida hoje em dia é um desafio e nunca foi tão estressante. A lista de coisas que pode e não pode é enorme. A relação de fatores de risco pré-natal tem invadido a mídia: gripe, antidepressivos, açúcar, gordura, café, sushi, gatos, tipo de música, muito (ou pouco) exercício físico e até a idade das mães são assuntos do momento. E se a futura mamãe ficar ansiosa ou estressada, ainda terá que conviver com olhares de reprovação social.

Na história da medicina, não faltam exemplos mostrando como experiências uterinas afetam os descendentes. Existe uma verdadeira fixação e fascinação dos pesquisadores sobre o assunto. Faz sentido, afinal durantes os 9 meses iniciais de nossa vida esse foi nosso único ambiente e onde ocorrem etapas cruciais do desenvolvimento humano. Não existe nada de errado nesse tipo de estudo, mas o foco demasiado em cima das mães chamou até a atenção dos pesquisadores nessa área que decidiram dar um “toque” aos jornalistas de ciência. Um editorial recém publicado na Nature, de autoria da pesquisadora Sarah Richardson, chama a atenção para o problema. Abaixo eu ressalto alguns dos exemplos citados e incluo outros, aproveitando para opinar como cientista nesse assunto.

Ultimamente, diversos assuntos relacionados ao tema têm destacado as alterações epigenéticas (análise de modificações hereditárias no DNA que influenciam a atividade dos genes sem alterar a sequencia genética). Essas alterações implicam riscos de obesidade, diabetes e resposta a estresse durante o desenvolvimento das crianças.

Como o assunto é altamente complexo sob a perspectiva molecular, e também multifatorial, a mídia tende a simplificar o assunto, focando apenas no impacto materno. Manchetes como “Dieta materna altera o DNA do feto” ou “Grávidas sobreviventes de desastres transmitem o trauma para os filhos” são relativamente comuns de se achar em jornais e revistas de grande circulação. Fatores como a contribuição paterna, a vida em família e o ambiente social recebem muito menos atenção. Como consequência, existe um sentimento de culpa e vigilância desnecessários em mulheres grávidas e mães em geral.

Existem diversos exemplos de como a sociedade culpa as mães por doenças dos filhos. Evidencias científicas de que o álcool em excesso pode causar complicações e má formações durante a gestação levou à recomendação de que mulheres grávidas evitassem a bebida. O consumo alcóolico durante a gravidez foi estigmatizado e até criminalizado. Bares e restaurantes são obrigados avisar que a bebida causa defeitos congênitos nos EUA, mesmo que não existam evidências sugerindo qualquer problema com o consumo moderado. Aliás, mulheres que bebiam moderadamente passaram a evitar o consumo durante a gravidez, mas o número de crianças vítimas do abuso de álcool não diminuiu. Como consequência, a visão da mulher grávida tomando um drink é hoje em dia altamente condenável para a maioria das pessoas e faz com que agonizem a gestação toda por um golinho ocasional.

Nos anos 80 e 90, o uso de crack criou uma histeria midiática com os famigerados “filhos do crack” – crianças nascidas de mulheres viciadas e que foram expostas à droga ainda no útero. Grávidas dependentes de drogas perderam benefícios sociais, a guarda dos filhos e muitas acabaram na prisão, a grande maioria negras e pobres, condenadas por expor fetos indefesos à droga. Os filhos também sofreram, estigmatizados e condenados ao fracasso social desde o nascimento. Hoje sabemos que a exposição do feto ao crack ou cocaína é considerado tão nocivo quanto ao cigarro ou álcool em excesso. Mesmo assim, apenas usuárias de drogas são condenadas criminalmente nos EUA.

Outro exemplo clássico de “culpa materna” é o conceito de mãe-geladeira (uma metáfora que sugere o desapego e frieza emocional), dando origem a crianças autistas nos anos 50-70. E não faz muito tempo atrás que diversos livros médicos ainda atribuíam alterações mentais e tendências criminais a uma postura materna, inclusive as amizades durante a gestação, ignorando completamente as origens biológicas dessas condições e diversos outros fatores ambientais. Suporte inadequado a mulheres grávidas e afirmações pouco contextualizadas ainda hoje são encontradas em materiais educacionais com boas intenções. Duvida? Veja no website montado pelo Imperial College London que mostra um adolescente saindo da prisão e sugere que cuidados pré-natais poderiam auxiliar no combate ao crime. Inacreditável, não?

Por isso que o foco materno das pesquisas epigenéticas ainda lembra esse tipo de atitude do passado, colocando todo o contexto social e diversos outros fatores em segundo plano. Outro erro comum que ainda persiste é o de estabelecer causa e efeito. Novamente, estudos com autismo são notórios por isso. Ao relacionar a incidência de autismo com fatores externos (vacinas, morar perto de avenidas ou de antenas de celulares), muitas reportagens não deixam claro que a conclusão é apenas correlacional e evitam mencionar dados inconsistentes (por exemplo, a correlação estatística desaparece se consideramos idades diferentes ou outra variável).

Para evitar que esse tipo de atitude continue, tanto a mídia quanto os leitores teriam que ser mais críticos cientificamente. Primeiro, evitando extrapolar estudos com camundongos para humanos. Segundo, balanceando o papel tanto do pai quanto da mãe. Terceiro, demonstrando complexidade no assunto ao mostrar que diversos fatores variáveis acontecem ao mesmo tempo, sendo muitos desconhecidos. E por final, reconhecendo o papel da sociedade, principalmente ao apontar soluções para o problema.

Os métodos e a tecnologia científica têm aumentado consideravelmente em complexidade nos últimos dez anos. A tendência é que isso seja exponencial, ou seja, cada vez mais difícil de se traduzir para uma linguagem leiga e simples. Por isso mesmo, a sociedade tem que ser mais crítica, exigindo melhores formas de comunicação científica da mídia e dos próprios cientistas. Acho que isso vai auxiliar no entendimento das pesquisas, sem apontar culpados ou restringir a liberdade das futuras mães.

in: G1 Ciência

* Foto: Luana Siqueira/Arquivo Pessoal

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Crianças com cachorros em casa adoecem menos



Recentemente foi apresentado no Mais Saúde um estudo desenvolvido na Finlândia. Este estudo mostrava que os adolescentes que passam mais tempo fora de casa, e que tem mais contato com a natureza, sofrem menos com problemas de alergias do que aqueles que vivem exclusivamente nos ambientes urbanos.

Um estudo mais recente desenvolvido também na Finlândia, publicado esta semana, sugere que as crianças que crescem em lares com cães, em geral, tendem a contrair menos tipos de doenças e necessitam de antibióticos com menos freqüência.

O estudo acompanhou 397 crianças nascidas em zonas suburbanas ou rurais na Finlândia entre Setembro de 2002 e Maio de 2005. Durante os seus primeiros anos de vida, os pais das crianças tiveram que preencher questionários semanais sobre o histórico de saúde destas crianças. Se eles estivessem doentes, os pais tinham que especificar quais os tipos de doenças os filhos contraíram e se eles necessitaram passar por tratamentos com antibióticos.

Neste estudo, os pesquisadores também perguntavam se haviam cães e/ou gatos em suas residências, se houvesse, era necessário especificar o tempo gasto com os animais fora de casa diariamente. Para controlar outros fatores na pesquisa, eles também perguntaram sobre o fumo na gravidez, número de filhos, se as crianças foram amamentadas, dentre outros questionamentos.

A pesquisa mostrou que as crianças que possuem cachorros em casa eram saudáveis 73% do tempo, e aquelas sem cães em casa eram saudáveis 65% das semanas. Crianças com cachorros em casa apresentaram 44% menos infecção auditiva, e diminuíram o uso freqüente de antibióticos em 29%. Os pesquisadores também investigaram o contato de crianças com gatos, que também pareceu ser eficaz em contribuir para que elas sejam mais saudáveis, entretanto, o efeito de proteção a doenças não foi tão intenso quanto aquele causado pela exposição a cães.

Mas como o contato com cães pode auxiliar no combate as doenças infantis? A resposta a essa pergunta ainda não se sabe ao certo, mas a melhor teoria seria que as crianças com cães em casa estão expostas a uma maior variedade de bactérias – na pele e pêlo dos cães – as quais estimulam o sistema imunológico da criança a funcionar melhor e a combater infecções.

Este estudo é interessante, mas não significa que você deva sair e adquirir um cão para manter seus filhos mais saudáveis. È importante mencionar, por exemplo, que o ambiente bacteriológico na Finlândia é provavelmente muito diferente daqueles tipicamente urbanos, e algumas crianças com predisposição genética a desenvolver alergias a cães e gatos, poderão apresentar mais problemas com animais de estimação em casa.

Mais estudos serão necessários para investigar estes fatores a fundo, mas por hora, você poderá discutir essas questões com o seu pediatra e/ou alergista.

in: Mais Saúde

Como o uso precoce de antibióticos pode levar à obesidade infantil

Você já parou para pensar na relação existente entre o uso de antibióticos na infância e a obesidade? Estudos recentes apontam que pode haver uma forte ligação.



A relação fica mais clara quando pensamos na pecuária. É comum a adição de antibióticos em doses baixas na alimentação de animais, em especial frango e gado bovino. Isso acontece porque os antibióticos desequilibram a ecologia natural do intestino, interrompendo os padrões normais de absorção de alimentos e alterando o metabolismo de tal forma que leva ao ganho de peso.

O aumento rápido de peso pode levar a maiores lucros na agroindústria, mas não é tão bom para os humanos. Estudos recentes apontam que crianças que recebem antibióticos em idade precoce tendem a ficar mais pesadas.

Estudo publicado no International Journal of Obesity analisou mais de 11 mil crianças no Reino Unido e descobriu que as que foram expostas a antibióticos durante os primeiros seis meses de vida foram significativamente mais pesados ​​em entre o 10° e 38° primeiros meses. No geral, as crianças que receberam antibióticos ainda muito pequenas tiveram 22% a mais de chance de ficar com sobrepeso.

Outro estudo, publicado em 21 de agosto de 2014 na mesma revista chegou à mesma conclusão. Nele foi apontado que meninos que receberam antibióticos durante o primeiro ano de vida foram significativamente mais pesados até os 8 anos de idade, muito tempo após o uso do medicamento.

O terceiro estudo, publicado em 14 de agosto de 2014 na revista Cell, realizou um experimento com camundongos para também buscar a relação existente. Os pesquisadores deram penicilina à metade de um grupo de filhotes e compararam com a outra metade, que não recebeu o medicamento. A gordura corporal foi medida quando eles se tornaram adultos.

As conclusões reforçaram as pesquisas anteriores. Os pesquisadores apontaram para mudanças reais na forma como os genes nas células dos camundongos foram “expressos”. Um dos autores, o Dr. Martin Blaser, da New York University Medical Center, concluiu que a exposição precoce a antibióticos “pode levar a alterações metabólicas ao longo de toda a vida”.

Embora sejam um medicamento milagroso, os antibióticos devem ser usados apenas com indicação médica. Isso porque eles eliminam bactérias de nosso organismo, inclusive as benéficas, responsáveis por manter nosso sistema imunológico e nosso metabolismo funcionando normalmente desde o nosso nascimento. Por isso, use antibióticos somente com orientação médica.

in: Mais Saúde