sexta-feira, 19 de junho de 2009

Filhos terceirizados

Por Varuna Viotti Victoria

"O que é mais importante no relacionamento pais e filhos: quantidade ou qualidade de tempo?

Pesquisas indicam que esta relação está totalmente deficitária tanto na quantidade quanto na qualidade.

Com a entrada cada vez maior da mulher no mercado de trabalho e também com um mercado bastante competitivo, tanto pais quanto mães passam hoje um tempo totalmente inadequado com seus filhos tanto na quantidade quanto na qualidade.

Este processo social e cultural dos nossos tempos parece ser irreversível mas especialistas em educação de crianças levantam um sério questionamento das conseqüências desta ausência cada vez maior dos pais na vida dos filhos. Alguns estudos indicam que em alguns países este contato se restringe a seis minutos por dia.

Com uma quantidade desta de tempo não se pode pretender qualquer tipo de qualidade também.

Em países bastante desenvolvidos a licença maternidade dura até 3 anos e isto indica o quanto os governantes deste países se preocupam com a qualidade de educação de suas populações.

No primeiro ano de vida de uma criança, a presença da mãe é essencial.Até próximo de dois anos a criança se considera praticamente como uma continuidade dos pais e, especialmente da mãe. Não tem ainda uma noção clara de sua individualidade e, é exatamente nesta faixa etária que os cuidados dos pais e os vínculos criados com a mãe são essenciais. Toda criança deveria ter o direito de ter a mãe por um ano dedicada a ela. Todo o seu desenvolvimento nesta fase depende totalmente dos cuidados de um adulto e, vínculos afetivos são essenciais para um pleno desenvolvimento infantil.

O que acontece hoje, é que estes vínculos estão sendo cada vez mais terceirizados.

Como tem que voltar a trabalhar após 4 meses de licença o vínculo que a criança está criando com a mãe passa aos 4 meses para outra pessoa(avó, babá, creche). Nem sempre dá certo uma determinada babá ou creche e assim, este bebê muitas vezes passa por vários adultos diferentes o que dificulta a criação de vínculos emocionais tão importantes para o seu desenvolvimento emocional e afetivo.

È claro que a realização da mulher como profissional é importante e necessária para que ela esteja feliz e possa ter uma boa relação familiar mas, uma mulher que trabalha o dia inteiro dificilmente terá a disponibilidade necessária ao fim do dia para ter uma boa qualidade de tempo para seus filhos.

O ideal é que a mulher enquanto mãe de crianças pequenas trabalhe apenas meio período, o que muitas vezes é impossível por causa do salário necessário para o orçamento familiar.

Resta então algumas alternativas que minimizem um pouco este problema que afeta diretamente a educação e a qualidade de vida de nossas crianças.

A primeira delas é a negociação das mulheres no trabalho para ficarem pelo menos 6 meses de licença maternidade o que a lei hoje permite através da negociação entre mulheres e empresas.

A segunda alternativa, se o orçamento familiar permitir é que a mulher negocie também com a empresa a possibilidade de trabalhar meio período mesmo que isto implique uma redução de salário se a estrutura familiar permitir.

A terceira maneira de diminuir a ausência dos pais na educação dos filhos é a presença e a participação maior do pai nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos. Dividir responsabilidades melhora a qualidade do relacionamento de ambos com seus filhos.

Os pais precisam também montar um esquema de rotina diária que permita o máximo possível de contato com os filhos; se for possível voltar para almoçar e levá-los à escola por exemplo. Quando chegarem em casa, antes de realizar qualquer tarefa devem dar atenção aos filhos mesmo que seja para sentar e brincar por meia hora antes de tomar banho ou arrumar o jantar.

Quando a criança sente esta disponibilidade nos pais logo ao chegarem em casa ela aceita muito mais fácil limites e regras colocados por eles.
Finalmente, os pais devem entender que compras e consumismo podem aplacar suas culpas mas não substituem carinho, afeto, diálogo e brincadeiras com os filhos.

Se o tempo é curto, é preciso que os pais entendam que necessitam criar o máximo de qualidade possível neste tempo de relação com os filhos.

Caso não tenham esta disponibilidade é melhor pensarem bem antes de terem filhos porque algumas pessoas realmente não têm esta vontade tão forte dentro de si e apenas os têm para cumprir um papel social.

Filhos não são bonecos que podemos comandar como quisermos e exatamente por isso temos que querê-los de fato em nossas vidas. Enchê-los de atividades para ocupar o seu tempo além de estressar a criança faz com que ela sinta que os pais não têm de fato vontade de estar com ela . Vínculos entre pais e filhos devem ser criados nos primeiros anos de vida para que , futuramente, na adolescência e juventude eles realmente reconheçam nos pais pessoas que devem lhes colocar regras e limites porque sempre lhes deram amor ."

in: http://www.indicapira.com.br/padrao.aspx?texto.aspx?idcontent=3894&idContentSection=1948

quinta-feira, 18 de junho de 2009

“Não quero ir pra escola, mãe!”

Publicado na Gazeta de Limeira

"Essa semana foi a primeira vez que Jonathan, 5, foi com a mãe para escola. Ela foi fazer a matrícula dele e, mesmo sem saber como é o ambiente escolar...choro, cara feia e “perna para quem tem”. Ele parecia estar assustado e a mãe, Cláudia Leite de Barros, tentou acalmá-lo.
Se qualquer pessoa passar por perto de uma escolinha infantil logo nos primeiros dias de aula, poderá ver várias cenas parecidas. É difícil, claro. A criança está começando a ir para o mundo e isso assusta mesmo. Não só ele, como os próprios pais. Estréia sempre é cercada de expectativas e tensão.
Só que também tem aquela velha história: a mãe gruda e o pai é quem separa, leva para o mundo. Costuma ser mais complicado para a mãe deixar o filho ir. Acontece que, sentindo que não quer desgrudar, a criança fica insegura.
Se a situação fica complicada, uma alternativa é pedir a ajuda do pai. A sugestão é da psicopedagoga Raquel Curi Pereira. De acordo com ela, deixar que o pai leve a criança à escola costuma funcionar e tem muita família que é prova disso, embora o ideal seja a presença dos dois.
Mãe se preocupa sempre, faz parte da descrição do cargo. “Será que ele vai se dar bem com a professora? E com as outras crianças? E se ele não quiser comer porque eu não vou estar lá?” Os pais, embora também se importem, não costumam demonstrar tanto o nervosismo e contornam a situação mais rápido. Afinal, ir para a escola faz parte da vida – e dessa parte eles entendem. “Ficar sozinho na escola é o primeiro desafio de uma pessoa no mundo. Se a criança conseguir lidar bem com isso, é muito provável que também vai lidar bem com as outras separações que virão”.

ADAPTAÇÃO

O período de adaptação é extremamente importante para as crianças e também para os pais. Conforme Raquel, a maioria das escolas aplica esse método para facilitar a inserção das crianças.
Se o drama persistir, a sugestão da especialista é perguntar ao filho por que ele não gosta da escola, o que há de errado nela e deixar que ele se expresse. Pode ser que o problema seja da escola e não da criança. “Uma escola pode ser ótima, mas pode não ser a mais adequada para seu filho”. O colégio é um ambiente diferente de casa, claro, mas não deve ser tão diferente a ponto de o seu filho se sentir um peixe fora d’água.
De acordo com ela, é importante incentivar dizendo: “Lá você vai encontrar bastante amiguinhos. Vai aprender bastante coisa diferente”. No retorno da escola, também é importante perguntar: “Como foi o seu dia hoje? O que aprendeu? Quem você conheceu de especial hoje?”. E, com as respostas, pode ser iniciado um diálogo que transmitirá, gradativamente, segurança.
Para a psicopedagoga, a intensidade dessa situação vai depender do convívio familiar. “Nem pensar em falar para o filho fechar a boca e muito menos perder a paciência. Tem gente que não imagina o medo e a insegurança que as crianças sentem. Às vezes chega ser estarrecedor para elas. Portanto, cuidado! Qualquer negatividade, agressão verbal ou descaso, pode gerar conseqüências muito sérias”.
Raquel ainda disse que os professores estão preparados para situações como essa - ou pelo menos deveriam. Crianças são diferentes umas das outras. Algumas encaram bem, mas outras não e necessitam de ajuda. (RR)


A birra dos “filhos terceirizados”

Muitas crianças têm sido cuidadas por terceiros - babá, funcionários da creche, avós. Não é regra, mas isso pode aumentar os ataques de birra, já que essas figuras muitas vezes não exercem autoridade sobre o filho “dos outros”. “A criança fica com a vovó, que é mais condescendente, ou a babá, que é profissional e não dá limites. E assim os valores são muito relativizados. De repente, a mãe impõe limites, começa um impasse e aí vem a birra”, explica o pediatra José Martins Filho, professor e pesquisador do Centro de Investigação em Pediatria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor do livro “A Criança Terceirizada” (ed. Papirus). No mês passado ele deu uma entrevista exclusiva para o Em Família justamente sobre o tema do livro. Para ele, os pais devem procurar compensar a ausência sempre que possível e passar o tempo que puderem com a criança, para que não se percam as referências. “Se não, criam-se mais vínculos com o profissional, que muitas vezes não tem a mesma bagagem cultural e social nem a mesma forma de pensar a vida que o resto da família”. Também é preciso delegar autoridade a quem cuida do filho. “Os cuidadores precisam ter um preparo suficiente para lidar com a situação, devem ter autoridade e ser obedecidos”. (RR)

Como ajudar seu filho
a superar a fobia escolar

1. Insista para que ele retorne à escola

A melhor terapia para a fobia escolar é ir diariamente à escola. Os temores são superados quando são enfrentados o mais rápido possível. A freqüência diária à escola fará com que quase todos os sintomas físicos de seu filho melhorem como num passe de mágica. Você deverá fazer com que a ida à escola seja uma regra rigorosa, sem exceções. Seja otimista com seu filho e garanta que se sinta melhor quando chegar à escola.

2. Seja firme nas manhãs dos dias de aula

A princípio, as manhãs podem ser difíceis. Nunca pergunte a seu filho como está se sentindo porque isto estimulará as queixas. Se a criança está suficientemente bem para levantar-se e andar de um lado para outro dentro de casa, está suficientemente bem para poder ir à aula.

3. Não o deixe faltar por ‘parecer” estar doente

Se seu filho tem um sintoma novo ou parece estar muito doente, é melhor que ele fique em casa. Se tiver dúvidas, seu médico poderá determinar a causa da doença do seu filho. As crianças com dor de garganta leve, tosse moderada, secreção nasal ou outros sintomas de resfriado, mas sem febre, podem ser enviados à escola. As crianças não devem permanecer em casa por “parecerem doentes”, “estarem com uma cor estranha”, “ter olheiras” ou “estarem cansados”. Essa é uma forma de birra e, se os filhos perceberem que dá certo, pode gerar conseqüências futuras.

4. Solicite assistência da escola

Em geral, as escolas são muito compreensivas a respeito da fobia escolar, uma vez que são comunicadas a respeito do problema. Se a criança tiver alguns temores especiais, como ler em voz alta na sala, o professor geralmente fará concessões especiais. Se não, peça assistência à escola.

5. Fale com seu filho a respeito de seu medo da escola

Em algum outro momento que não a hora de ir para a escola, fale com seu filho sobre seus problemas, incentive-o a dizer exatamente o que o incomoda. Pergunte a ele o que de pior poderia acontecer na escola ou no caminho até lá. Se há uma situação que possa ser alterada, diga a ele que você fará todo o possível para mudá-la. Após escutá-lo atentamente, diga a ele que você compreende seus sentimentos, que irá ajudá-lo, mas que continua sendo necessário ir às aulas."

in: http://www.gazetadelimeira.com.br/Noticia.asp?ID=90

Socooooorro! As babás estão em extinção

Por Kátia Mello, da Época Online

"De um dia para outro, eu fiquei sem babá. A pessoa que cuidava do meu bebê de 7 meses e do meu outro filho, de 3 anos, quebrou o pé e anunciou que partiria para sua cidade natal, na Bahia, onde a mãe poderia tomar conta dela. Depois de sua partida, o caos instalou-se em minha casa. Eu e meu marido somos profissionais liberais e não tenho sogra ou mãe na mesma cidade. Então com quem deixaria meus pequenos?

Comecei a minha saga atrás de uma babá e em três semanas descobri o que as estatísticas acabam de revelar em uma pesquisa inédita da Organização Internacional do Trabalho: há uma grande demanda de babás e uma pequena oferta de boas profissionais nesse mercado. O Brasil é um dos poucos países em que ainda há serviço doméstico. São 6,6 milhões de brasileiros que ocupam essa categoria, sendo que, desse total, 93,2% são mulheres e 6,8% são homens. As babás são 10%, ou seja, são mais de 6oo mil mulheres, mas está cada vez mais difícil encontrar uma boa profissional, com referência e experiência. Como a demanda é grande, o que existe é um aumento no número de mulheres que querem ser babás por conta do salário. São empregadas domésticas, auxiliares de enfermagem, cozinheiras e até arrumadeiras temporárias que, desempregadas, buscam a chance de ganhar melhor que uma empregada doméstica. O piso salarial de uma babá é o mesmo de uma empregada doméstica, o salário mínimo nacional, de R$ 465,00, mas elas podem ganhar cerca de R$ 1.200, dependendo do tipo de trabalho que exercem. As que não têm experiência e formação acabam zanzando de agência em agência, sem obter emprego.

Na Inglaterra são raras as mães trabalhadoras de classe média que podem pagar as 10 libras (cerca de R$ 32) a hora, exigidas por uma au pair. Talvez as nossas tradições da casa-grande & senzala tenham feito com que nos tornássemos dependentes dessas mulheres dispostas a cuidar de nossos filhos. O pediatra José Martins Filho, ex-reitor da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, vai além. Ele diz que as mães brasileiras delegam tanto os cuidados de seus filhos que eles estão sendo terceirizados. Autor de A Criança Terceirizada - Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo (ed. Papirus), Martins diz que a mãe deveria cuidar de seu filho até que ele completasse 2 anos. Além de ter defendido a licença-maternidade de seis meses (aprovada no ano passado), ele diz que a mãe, para poder amamentar, deveria trabalhar apenas meio período ao voltar da licença. Mas como fazer isso no mundo moderno?

Se, por um lado, as babás tornaram-se auxiliares fundamentais para quem trabalha fora, por outro existe a percepção de que elas realmente estão substituindo as mães e fazendo parte dessa terceirização a que o pediatra se refere. É só prestarmos atenção em como aumentou o número de mulheres de branco nos domingos cuidando de crianças na Praia de Ipanema. Ou ainda reparar nessas profissionais dando de comer aos bebês nos almoços dominicais em shoppings paulistanos. Onde estão as mães que delegam tudo às babás, até nos fins de semana? Martins prega a conscientização daqueles pais que reclamam que é um “saco, trabalhoso e chato” cuidar dos pequenos. Ele diz que, antes de ser pai ou mãe, é necessário saber que criança dá mesmo muito trabalho.

Senti essa exaustão na pele e até adoeci (tomei antibiótico, corticoide e muitas inalações para a minha bronquite). Voltei a ter uma ajudante. Mas ficar sem ela durante um certo período também me trouxe muitas alegrias. Passar a dar banho nos meus filhos diariamente se tornou uma das atividades mais prazerosas do meu dia a dia. E você, acredita que as mães estejam terceirizando a maternidade?"

in: http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2009/05/11/socooooorro-as-babas-estao-em-extincao/

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amamentação Prolongada

Sobre os benefícios da amamentação prolongada,
Kelly Bonyata, escreveu uma ótima síntese aqui (em inglês).

Seguem alguns trechos em português ligeiramente adaptados. No site original, você pode encontrar todas as fontes citadas.

Amamentar crianças maiores têm benefício nutricional
Pesquisas mostram que o leite materno durante o segundo ano de vida da criança continua sendo uma importante fonte de nutrientes, especialmente de proteína, gorduras e vitaminas.

No segundo ano de vida, 500ml de leite materno proporciona à criança: 95% do total de vitamina C necessário
45% do total de vitamina A necessária, 38% do total de proteína necessária, 31% de caloria do total necessária.

Alguns médicos podem pensar que a amamentação vai interferir em relação ao apetite da criança para outros alimentos. Contudo não existem pesquisas indicando que a criança amamentada têm maior tendência a recusar outros alimentos que a criança que já desmamou. Na verdade, a maioria dos pesquisadores em países subdesenvolvidos, onde o apetite de uma criança desnutrida pode ser de importância vital, recomendam que a amamentação continue para crianças com desnutrição severa.

Crianças maiores que ainda amamentam adoecem menos
Os fatores de imunidade do leite materno aumentam em concentração, à medida que o bebê cresce e mama menos. Portanto, crianças maiores continuam recebendo os benefícios da imunidade.

Claro que em boas condições de saúde, o desmame não é uma questão de vida ou morte, mas a amamentação por mais tempo pode significar menos idas ao pediatra. Crianças entre 16 e 30 meses, que ainda são amamentadas, adoecem menos e por menos tempo que as que não são.

Crianças amamentadas têm menos alergias
Está bem documentado que quanto mais tarde se introduz leite de vaca e outros alimentos alergênicos, menos provavelmente essas crianças vão apresentar reações alérgicas.

Crianças amamentadas são mais espertas
Crianças que foram amamentadas têm melhor performance na escola e maiores notas . Os autores desse estudo, que acompanhou crianças até os 18 anos descobriram que quanto mais tempo as crianças são amamentadas, maiores as notas que recebem nas avaliações.

Crianças amamentadas são mais ajustadas socialmente
Um estudo com bebês amamentados por mais de um ano mostrou uma ligação significante entre a duração do período de amamentação o ajustamento social em crianças de 6 a 8 anos de idade. Nas palavras dos pesquisadores: “Existem tendências estatísticamente significantes para que a desordem na conduta diminua com o aumento da duração da amamentação”. Mamar durante a infância ajuda bebês e crianças a fazer uma transição gradual. Amamentação é um amoroso jeito de atender as necessidades dasa crianças e bebês. Ajuda a superar as frustrações, quedas e machucados e o stress diario da infância.

Atender as necessidades de dependência da criança, de acordo com o tempo único de cada criança é a chave para ajudar a criança a alcançar sua independência. Crianças que conquistam sua independência em seu próprio ritmo são mais seguras dessa independência que as crianças forçadas a isso prematuramente.

Amamentar crianças maiores é normal
A “American Academy of Pediatrics” recomenda que as crianças sejam amamentadas por ao menos todo o primeiro ano de vida, e por mais tempo se a mãe e o bebê quiserem. A Organização Mundial de Saúde reforça a importância de amamentar até os dois anos de vida ou mais. A média de idade de desmame, em todo o mundo é de 4,2 anos.

Mães que amamentam por mais tempo também são beneficiadas
· A amamentação prolongada pode diminuir a fertilidade e suprimir a ovulação em algumas mulheres
· A amamentação reduz o risco de câncer de ovário
· A amamentação reduz o risco de câncer de útero
· A amamentação reduz o risco de câncer de câncer de endométrio
· A amamentação protege contra osteoporose. Durante a amamentação a mulher experimenta uma diminuição na densidade óssea. A densidade óssea de uma mãe que está amamentando pode ser reduzida, em geral em 1 a 2%. No entanto, a mãe tem essa densidade de volta e pode até ter um aumento, qaundo o bebê é desmamado. Isso não depende de um suplemento adicional na alimentação da mãe.
· A amamentação reduz o risco de alguns tipos de câncer de mama.
· A amamentação tem demonstrado diminuir a necessidade de insulina da mãe diabética.
. Mães que amamentam têm tendência a perder o peso extra adquirido na gravidez mais facilmente.

in:http://www.amigasdopeito.org.br/?p=830

quarta-feira, 3 de junho de 2009

D E C L A R A Ç Ã O D E B E N S

"O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil atividades - tudo com o objetivo de garantir o seu amanhã.

E com que prazer e orgulho, cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho. Lote, casa, apartamento, sítio - tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro de sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua missão e não vai deixar ninguém desamparado.

E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só - é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda - afinal, ele é um executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar.

No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor mais alto, aquele que efetivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de Renda - mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê “relação dos dependentes”. Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar o melhor de seu tempo.

Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar, aumento de renda bruta - nada disso. Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar.

Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa infantil, não teve tempo para assistir a coroação da menina - pois um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados.

Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas, resolve as coisas na base do entendimento.

Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o outro o dia inteiro - ginástica, natação, judô, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia, lição de piano, etc. - e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo. Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam - e, para ver os pais, quase é preciso marcar hora.

Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que tenho para dar - e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares, movimentos e entidades - é esta : não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos.

Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objetivo único e prioritário : construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa, viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida - e que foi, na verdade, mais importante do que minha família.

E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio.

De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente?

Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou a ter um peso mínimo e relativo em tudo.

Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que serve ele? Para ser escravo dele?

Eu trocaria - explodindo de felicidade - todas as linhas da declaração de bens por uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha : o nome do meu filho na relação dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha na declaração de 1983, ano base de 82."
(Helio Fraga, jornalista em Belo Horizonte, MG)

Esta crônica consta do livro do próprio autor “A Família, Último Lugar?” (3ª edição) publicado pelas Edições Paulinas. O jornalista Helio Fraga, que foi cronista esportivo, também publicou outros livros relacionados com o assunto narrado na crônica. Entre eles “O Menino Valente” e “Ser Pai”, cujas rendas são recolhidas ao Hospital Mário Penna na capital mineira.

Após fraude com a crônica “ Declaração de Bens ”, as novas edições do “A Família, Último lugar ?” vem saindo com a observação abaixo :

A L E R T A – Esta crônica foi criminosamente falsificada por um psicopata desconhecido. Ao texto original, ele acrescentou que Luiz Otávio morreu drogado e teve uma irmã Priscila, que fugiu de casa. Esta monstruosidade vem sendo divulgada por portais da internet, sujeitos a interdição e ações judiciais por danos morais.

Meu filho morreu aos 12 anos, em novembro de 1982, vítima de tumor cerebral (meduloblastoma). Teve dois irmãos: Marcelo, nascido em 1972, e Ana Cristina, em 1977. Eles estudam, trabalham e moram em Belo Horizonte. A outra irmã jamais existiu.

A falsa “Declaração de Bens” tem sido publicada irresponsavelmente, estando todos os envolvidos sujeitos a processo.
(Hélio Fraga - Jornalista em Belo Horizonte/MG)


in:http://www.velhosamigos.com.br