quinta-feira, 18 de junho de 2009

“Não quero ir pra escola, mãe!”

Publicado na Gazeta de Limeira

"Essa semana foi a primeira vez que Jonathan, 5, foi com a mãe para escola. Ela foi fazer a matrícula dele e, mesmo sem saber como é o ambiente escolar...choro, cara feia e “perna para quem tem”. Ele parecia estar assustado e a mãe, Cláudia Leite de Barros, tentou acalmá-lo.
Se qualquer pessoa passar por perto de uma escolinha infantil logo nos primeiros dias de aula, poderá ver várias cenas parecidas. É difícil, claro. A criança está começando a ir para o mundo e isso assusta mesmo. Não só ele, como os próprios pais. Estréia sempre é cercada de expectativas e tensão.
Só que também tem aquela velha história: a mãe gruda e o pai é quem separa, leva para o mundo. Costuma ser mais complicado para a mãe deixar o filho ir. Acontece que, sentindo que não quer desgrudar, a criança fica insegura.
Se a situação fica complicada, uma alternativa é pedir a ajuda do pai. A sugestão é da psicopedagoga Raquel Curi Pereira. De acordo com ela, deixar que o pai leve a criança à escola costuma funcionar e tem muita família que é prova disso, embora o ideal seja a presença dos dois.
Mãe se preocupa sempre, faz parte da descrição do cargo. “Será que ele vai se dar bem com a professora? E com as outras crianças? E se ele não quiser comer porque eu não vou estar lá?” Os pais, embora também se importem, não costumam demonstrar tanto o nervosismo e contornam a situação mais rápido. Afinal, ir para a escola faz parte da vida – e dessa parte eles entendem. “Ficar sozinho na escola é o primeiro desafio de uma pessoa no mundo. Se a criança conseguir lidar bem com isso, é muito provável que também vai lidar bem com as outras separações que virão”.

ADAPTAÇÃO

O período de adaptação é extremamente importante para as crianças e também para os pais. Conforme Raquel, a maioria das escolas aplica esse método para facilitar a inserção das crianças.
Se o drama persistir, a sugestão da especialista é perguntar ao filho por que ele não gosta da escola, o que há de errado nela e deixar que ele se expresse. Pode ser que o problema seja da escola e não da criança. “Uma escola pode ser ótima, mas pode não ser a mais adequada para seu filho”. O colégio é um ambiente diferente de casa, claro, mas não deve ser tão diferente a ponto de o seu filho se sentir um peixe fora d’água.
De acordo com ela, é importante incentivar dizendo: “Lá você vai encontrar bastante amiguinhos. Vai aprender bastante coisa diferente”. No retorno da escola, também é importante perguntar: “Como foi o seu dia hoje? O que aprendeu? Quem você conheceu de especial hoje?”. E, com as respostas, pode ser iniciado um diálogo que transmitirá, gradativamente, segurança.
Para a psicopedagoga, a intensidade dessa situação vai depender do convívio familiar. “Nem pensar em falar para o filho fechar a boca e muito menos perder a paciência. Tem gente que não imagina o medo e a insegurança que as crianças sentem. Às vezes chega ser estarrecedor para elas. Portanto, cuidado! Qualquer negatividade, agressão verbal ou descaso, pode gerar conseqüências muito sérias”.
Raquel ainda disse que os professores estão preparados para situações como essa - ou pelo menos deveriam. Crianças são diferentes umas das outras. Algumas encaram bem, mas outras não e necessitam de ajuda. (RR)


A birra dos “filhos terceirizados”

Muitas crianças têm sido cuidadas por terceiros - babá, funcionários da creche, avós. Não é regra, mas isso pode aumentar os ataques de birra, já que essas figuras muitas vezes não exercem autoridade sobre o filho “dos outros”. “A criança fica com a vovó, que é mais condescendente, ou a babá, que é profissional e não dá limites. E assim os valores são muito relativizados. De repente, a mãe impõe limites, começa um impasse e aí vem a birra”, explica o pediatra José Martins Filho, professor e pesquisador do Centro de Investigação em Pediatria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor do livro “A Criança Terceirizada” (ed. Papirus). No mês passado ele deu uma entrevista exclusiva para o Em Família justamente sobre o tema do livro. Para ele, os pais devem procurar compensar a ausência sempre que possível e passar o tempo que puderem com a criança, para que não se percam as referências. “Se não, criam-se mais vínculos com o profissional, que muitas vezes não tem a mesma bagagem cultural e social nem a mesma forma de pensar a vida que o resto da família”. Também é preciso delegar autoridade a quem cuida do filho. “Os cuidadores precisam ter um preparo suficiente para lidar com a situação, devem ter autoridade e ser obedecidos”. (RR)

Como ajudar seu filho
a superar a fobia escolar

1. Insista para que ele retorne à escola

A melhor terapia para a fobia escolar é ir diariamente à escola. Os temores são superados quando são enfrentados o mais rápido possível. A freqüência diária à escola fará com que quase todos os sintomas físicos de seu filho melhorem como num passe de mágica. Você deverá fazer com que a ida à escola seja uma regra rigorosa, sem exceções. Seja otimista com seu filho e garanta que se sinta melhor quando chegar à escola.

2. Seja firme nas manhãs dos dias de aula

A princípio, as manhãs podem ser difíceis. Nunca pergunte a seu filho como está se sentindo porque isto estimulará as queixas. Se a criança está suficientemente bem para levantar-se e andar de um lado para outro dentro de casa, está suficientemente bem para poder ir à aula.

3. Não o deixe faltar por ‘parecer” estar doente

Se seu filho tem um sintoma novo ou parece estar muito doente, é melhor que ele fique em casa. Se tiver dúvidas, seu médico poderá determinar a causa da doença do seu filho. As crianças com dor de garganta leve, tosse moderada, secreção nasal ou outros sintomas de resfriado, mas sem febre, podem ser enviados à escola. As crianças não devem permanecer em casa por “parecerem doentes”, “estarem com uma cor estranha”, “ter olheiras” ou “estarem cansados”. Essa é uma forma de birra e, se os filhos perceberem que dá certo, pode gerar conseqüências futuras.

4. Solicite assistência da escola

Em geral, as escolas são muito compreensivas a respeito da fobia escolar, uma vez que são comunicadas a respeito do problema. Se a criança tiver alguns temores especiais, como ler em voz alta na sala, o professor geralmente fará concessões especiais. Se não, peça assistência à escola.

5. Fale com seu filho a respeito de seu medo da escola

Em algum outro momento que não a hora de ir para a escola, fale com seu filho sobre seus problemas, incentive-o a dizer exatamente o que o incomoda. Pergunte a ele o que de pior poderia acontecer na escola ou no caminho até lá. Se há uma situação que possa ser alterada, diga a ele que você fará todo o possível para mudá-la. Após escutá-lo atentamente, diga a ele que você compreende seus sentimentos, que irá ajudá-lo, mas que continua sendo necessário ir às aulas."

in: http://www.gazetadelimeira.com.br/Noticia.asp?ID=90

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