terça-feira, 23 de setembro de 2014

Como ajudar seu filho a manter uma alimentação equilibrada?



Por Andrea Ramal

De acordo com o IBGE, quase metade das crianças brasileiras (47,6%) entre 5 e 9 anos tem sobrepeso ou obesidade. Isso indica que o Brasil acompanha uma tendência mundial de aumento de peso das populações infantis.

Segundo a OMS, se a tendência se mantiver, o mundo terá 75 milhões de crianças acima do peso em 2025, o que sugere riscos para a saúde das populações atuais e futuras. Crianças obesas podem se tornar adultos com chance de desenvolver doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, câncer e outros. Como ajudar seu filho a manter uma alimentação balanceada?

Não falaremos aqui de temas que dizem respeito a especialistas de nutrição. Mas a formação de hábitos para uma alimentação saudável é diretamente ligada a aspectos educacionais que envolvem a família e a escola. Há coisas simples que podem ser incluídas no dia a dia e que podem ajudar a fazer a diferença.

Por exemplo, a mãe de uma criança me procurou com a seguinte questão: “Meu filho se recusa a comer verduras e legumes. Para que ele não fique desnutrido, acabo cedendo e liberando batata frita. Como mudar isso?”

Essa atitude é comparável àquela em que os pais, para evitar uma cena de birra, fazem todas as vontades da criança. Além de ser arriscado para a saúde, acaba formando adolescentes mimados e com dificuldade de lidar com a frustração.


VEJA DICAS PARA QUE SEU FILHO TENHA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
· Defina um cardápio balanceado com antecedência, para evitar improvisos.
· Reforce os bons hábitos: em vez de doces, frutas; em vez de refrigerantes e bebidas artificiais, sucos naturais.
· Fique atento ao que seu filho come na escola.
· Inclua alimentos saudáveis na lancheira, com a orientação de um nutricionista.
· Evite que seu filho coma vendo TV ou jogando videogame.
· Não use comidas como prêmio ou punição.
· Dê o exemplo, mantendo você também uma alimentação balanceada.


Não se deveriam trocar refeições por lanches, sobretudo pouco nutritivos. Vale a pena esperar a criança sentir um pouco mais de fome. Limites são importantes para a educação e isso inclui a hora das refeições. Essa postura exige dos pais muita constância e paciência, para não desistir na primeira dificuldade.

Lembre que os hábitos (como estudo, leitura, higiene, alimentação) se formam desde cedo. Assim, é necessário apresentar à criança a variedade de alimentos existentes sem ficar restrito apenas àqueles de que a criança gosta. Se ela recusar algum, vale esperar alguns dias e apresentá-lo de outras formas.

Outro exemplo: o pai de uma criança me perguntou: “Eu tento negociar: se você comer a salada, pode comer a sobremesa. Isso ajuda?”

Não sou muito favorável a esse tipo de negociação, pois passa a ideia de que a sobremesa é boa e, para chegar a ela, é preciso passar por algo ruim (a salada). Além disso, não se deve usar a comida como recompensa, pois a cada coisa boa que fizer, a criança pode querer comemorar com algo nem sempre saudável.

Pais que, por exemplo, levam seus filhos a um fast food como prêmio pelas boas notas na escola poderiam substituir essa recompensa por outras, como passeios, um programa cultural ou uma tarde de brincadeiras com amigos.

O papel da escola também é fundamental. Em primeiro lugar, ela precisa conscientizar sobre os benefícios da nutrição saudável, incluindo estes temas como conteúdos de sala de aula (Lei 11.947/09). Não deve oferecer na cantina alimentos pouco nutritivos ou nocivos à saúde. O cardápio da merenda deve ser elaborado por nutricionistas e compatível com a faixa etária da criança, respeitando a cultura e os hábitos alimentares de cada região.

A escola precisa, ainda, orientar os pais a esse respeito, para que aprendam a cuidar da rotina da alimentação dos filhos. Até porque a qualidade da alimentação interfere no rendimento escolar. Por exemplo, se a criança não tiver tomado um café da manhã adequado, pode ficar sonolenta, indisposta, desatenta, além de ter dificuldades para participar das atividades físicas.

Uma recente campanha de conscientização sobre a obesidade infantil tem um slogan perfeito: “Que tal trocar uma bola de sorvete por uma bola de futebol?” Evitar o sedentarismo é uma das chaves. Em vez de ficar contando calorias desde cedo, vale a pena trocar algumas horas de videogame por um esporte ou exercícios ao ar livre.

Por fim, um ponto importante: ao conversar com seu filho sobre tudo isso, fique atento com o modo como você se refere aos estereótipos de gordo / magro. Não passe a ideia de que ser gordo é feio, e nunca diga que é melhor emagrecer para evitar bullying na escola. Isso seria uma educação às avessas! Ensine seu filho a respeitar as pessoas do jeito que são, a ver a beleza em magros e gordos, a valorizar a diversidade, que é a grande riqueza da vida.

Reforce a ideia de adotar uma alimentação balanceada não em função de modas e preconceitos, mas sim pela qualidade de vida e pela saúde que pode representar. Dedique tempo a essa educação: hábitos alimentares adequados se refletem no desenvolvimento da criança e valem para toda a vida.

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